Por KELSEY TAMBORRINO
Espera-se que a capacidade de energia solar dos EUA quadruplique na próxima década, mas o chefe da associação de lobby do setor pretende manter a pressão sobre os legisladores para oferecer alguns incentivos oportunos em qualquer pacote de infraestrutura futuro e acalmar os nervos do setor de energia limpa em relação às tarifas para produtos importados.
O setor solar dos EUA teve um ano recorde em 2020, de acordo com um novo relatório divulgado na terça-feira pela Associação das Indústrias de Energia Solar e pela Wood Mackenzie. A adição de novas capacidades no setor solar dos EUA aumentou 43% em relação ao ano anterior, com a instalação de um recorde de 19,2 gigawatts de capacidade, de acordo com o relatório US Solar Market Insight 2020.
Espera-se que a indústria solar instale um total acumulado de 324 GW de nova capacidade — mais de três vezes o total em operação no final do ano passado — para atingir um total de 419 GW na próxima década, de acordo com o relatório.
O setor também viu as instalações do quarto trimestre aumentarem 32% em relação ao ano anterior, mesmo com um enorme acúmulo de projetos aguardando interconexão, e com projetos de grande porte correndo para atender a um declínio previsto na taxa de Crédito Tributário de Investimento, disse o relatório.
A extensão de dois anos do ITC, que foi sancionada nos últimos dias de 2020, aumentou a perspectiva de cinco anos para a implantação de energia solar em 17%, de acordo com o relatório.
O setor solar cresceu rapidamente nos últimos anos, expandindo-se mesmo enquanto o governo Trump promulgava tarifas comerciais e aumentos nas taxas de arrendamento e criticava a tecnologia por considerá-la cara.
Enquanto isso, o presidente Joe Biden entrou na Casa Branca com planos de colocar o país no caminho da eliminação dos gases de efeito estufa da rede elétrica até 2035 e da economia como um todo até 2050. Logo após sua posse, Biden assinou uma ordem executiva que pedia o aumento da produção de energia renovável em terras e águas públicas.
A presidente e CEO da SEIA, Abigail Ross Hopper, disse ao POLITICO que o grupo comercial está esperançoso de que o próximo pacote de infraestrutura se concentrará em créditos fiscais para a indústria, além de ajudar a desenvolver a transmissão e a eletrificação do sistema de transporte.
“Acho que há muitas coisas que o Congresso poderia fazer nesse sentido”, disse ela. “Obviamente, créditos fiscais são uma ferramenta importante, um imposto sobre carbono é uma ferramenta importante, [e] um padrão de energia limpa é uma ferramenta importante. Estamos abertos a muitas maneiras diferentes de chegar lá, mas o objetivo é proporcionar certeza de longo prazo para as empresas, para que possam investir capital e construir infraestrutura.”
A SEIA conversou com o governo Biden sobre infraestrutura e créditos fiscais, disse Hopper, bem como sobre iniciativas comerciais e políticas para ajudar a indústria nacional nos EUA. As conversas comerciais incluíram a Casa Branca e o Representante Comercial dos Estados Unidos.
No início deste mês, o Departamento de Justiça sob o governo Biden apoiou a iniciativa do governo Trump de revogar uma brecha tarifária criada para painéis solares de dupla face. Em um documento apresentado ao Tribunal de Comércio Internacional dos EUA, o Departamento de Justiça (DOJ) afirmou que o tribunal deveria rejeitar uma queixa da indústria solar, apresentada pela SEIA, que contestava a medida tarifária de importação e argumentava que o ex-presidente Donald Trump estava "legal e totalmente dentro de sua autoridade" ao fechar a brecha. A SEIA não comentou na época.
Mas Hopper disse que não viu o pedido de Biden ao Departamento de Justiça como um sinal de vacilação no apoio do governo, especialmente porque alguns dos indicados políticos de Biden ainda não estavam empossados. "Minha avaliação é que o Departamento de Justiça, ao fazer esse pedido, estava apenas continuando a implementar a estratégia jurídica que já havia implementado", acrescentando que não o viu como um "toque de finados para nós".
Em vez disso, Hopper afirmou que a prioridade mais imediata e de curto prazo do grupo comercial é restaurar "alguma certeza" em torno das tarifas da Seção 201, que Trump elevou em outubro de 15% para 18%. Hopper afirmou que o grupo também está conversando com o governo sobre as tarifas bifaciais que faziam parte da mesma ordem, mas afirmou que expandiu suas conversas para se concentrar em uma "cadeia de suprimentos solar saudável", em vez de alterar a porcentagem da tarifa.
"Não entramos e dizemos simplesmente: 'Mudem as tarifas. Livrem-se das tarifas. É só com isso que nos importamos'. Dizemos: 'OK, vamos conversar sobre como ter uma cadeia de suprimentos solar sustentável e saudável'", disse Hopper.
O governo Biden, acrescentou Hopper, tem se mostrado “receptivo à conversa”.
“Acho que eles estão analisando toda a panóplia de tarifas que nosso ex-presidente impôs, então as tarifas 201, específicas para energia solar, são obviamente uma delas, mas [também] as tarifas de aço da Seção 232 e as tarifas da Seção 301 da China”, disse ela. “Portanto, meu entendimento é que há uma avaliação holística de todas essas tarifas em andamento.”
Funcionários do Congresso também sinalizaram na semana passada que os legisladores podem estar considerando tornar os créditos fiscais para energia eólica e solar reembolsáveis, permitindo que as empresas se beneficiem diretamente, pelo menos por um curto período, já que a crise econômica do ano passado eliminou o mercado de ações tributárias, onde as empresas de energia solar normalmente vendiam seus créditos. Esse é outro obstáculo "urgente" que, segundo Hopper, a organização comercial está ansiosa para superar.
“Entre a redução da alíquota do imposto de renda corporativo e a recessão econômica, há obviamente menos apetite por créditos tributários”, disse ela. “Certamente, vimos uma restrição desse mercado, e por isso está mais difícil para projetos serem financiados, porque simplesmente não há tantas instituições com interesse em fazê-lo. Por isso, temos pressionado o Congresso desde praticamente quando isso se tornou evidente no ano passado para que esses recursos sejam pagos diretamente à construtora, em vez de se tornarem um crédito tributário para o investidor.”
Ela também listou as filas de interconexão para projetos solares como outra área de pressão, já que os projetos solares estão "parados na fila para sempre", enquanto as concessionárias avaliam quanto custará a interconexão.
A implantação residencial aumentou 11% em relação a 2019, atingindo um recorde de 3,1 GW, de acordo com o relatório de terça-feira. Mas o ritmo de expansão ainda foi inferior ao crescimento anual de 18% registrado em 2019, já que as instalações residenciais foram afetadas pela pandemia no primeiro semestre de 2020.
Um total de 5 GW em novos contratos de compra de energia solar para concessionárias foram anunciados no quarto trimestre de 2020, elevando o volume de anúncios de projetos no ano passado para 30,6 GW e o pipeline contratado em larga escala para 69 GW. A Wood Mackenzie também prevê um crescimento de 18% na energia solar residencial em 2021.
“O relatório é empolgante, pois estamos prontos para quadruplicar nosso crescimento nos próximos nove anos. É uma situação incrível”, disse Hopper. “E, mesmo que consigamos isso, não estamos no caminho certo para atingir nossas metas climáticas. Portanto, é inspirador e nos oferece um choque de realidade sobre a necessidade de mais políticas que nos permitam atingir essas metas climáticas.”
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Data de publicação: 29 de setembro de 2021